ATENÇÃO: Esse texto possui spoiler sobre o filme
“Vá em frente, leve meus olhos... Eles não são mais úteis pra mim. Mas saiba que, se eles virem uma criança brincar, eu vou sorrir com ela.
Leve meu coração para outra pessoa pode viver e amar e, com esse presente, saiba que meu amor permanece nesse mundo.
Leve meus pulmões para outra pessoa cantar e, se prestar atenção, vai me ouvir cantar com ela.
Desculpa por eu não ter mais abraços para dar e nem piadas para contar. Eu fiz o que pude para os outros sorrirem. E quando eu morrer, eu não vou estar aqui, vou estar em todo lugar.
Então, essa é a minha história. Ela não aconteceu do jeito que nós estávamos esperando, mas foi um milagre. Lindo, incrível e fantástico.”
A texto acima descreve a vida de Christopher Gregory, um jovem de 19 anos, que perdeu a vida e teve seus órgãos doados no filme Dois Corações, lançado nos cinemas em 2020, mas que entrou para o catálogo da Netflix na última semana.
Por conta das histórias de amor contadas no filme, parece muito um clichê. Mas na verdade foi baseada em uma história real triste, porém, milagrosa.
No longa – que, na data desta publicação se encontra em primeiro lugar na posição "top 10" no catálogo da plataforma de streaming – podemos acompanhar duas histórias que acontecem ao mesmo tempo: uma sobre o Christopher, um jovem apaixonado e carismático; e outra sobre Jorge Bacardi, um empresário herdeiro da empresa de bebidas Bacardi.
Ambos se apaixonam por duas mulheres, vivem suas vidas como sempre sonharam, e acabam ligados de uma forma inesperada: um transplante de órgãos.
Basicamente é um filme para arrancar lágrimas dos telespectadores, mas também serve como forma de incentivo para doação de órgãos e pensar no próximo.
Uma história real por trás da ficção
“Dois Corações” surgiu do livro All My Tomorrows: A Story of Tragedy, Transplant and Hope (em tradução literal: Todos os Meus Amanhãs – Uma História de Tragédia, Transplante e Esperança), escrito pelo pai do jovem Christopher Gregory.
Na vida real, o protagonista Chris – como era chamado – morreu em 2008, vítima de um aneurisma. Antes de partir de forma repentina, o jovem determinou que gostaria de doar os órgãos.
Nesta história também há Jorge Bacardi, o empresário que precisava de um transplante de pulmão duplo. O bilionário tinha uma doença congênita chamada DCP (discinesia ciliar primária) e só sobreviveria com a cirurgia.
Após a morte do jovem, em março daquele ano, Bacardi conseguiu receber os pulmões, aos 64 anos. A cirurgia foi complexa, mas o resultado e recuperação foram excelentes. Um ano depois, a família Bacardi descobriu a verdadeira identidade do doador.
Mesmo conseguindo os pulmões, Jorge Bacardi morreu 12 anos depois, em setembro de 2020, aos 76 anos, de acordo com o Crônicas de Agora.
Antes de partir, ele e a esposa inauguraram a Gabriel House of Care, uma instalação de hospitalidade de saúde sem fins lucrativos. O local oferece acomodações acessíveis para pacientes adultos com câncer e transplante juntamente com seus cuidadores.