Um copinho de plástico que custou R$ 150 mil


Por Gustavo Damschi

03/05/2025 11h07



Era uma tarde ensolarada quando Dona Clara, uma empresária aposentada de 65 anos, entrou em uma concessionária pronta para realizar um sonho: comprar um carro novo de R$ 150 mil, à vista. Ela já havia pesquisado, comparado modelos e estava decidida. O vendedor, simpático, mostrou o veículo, destacou as qualidades, e o contrato estava quase assinado. Até que, na sala de espera, enquanto finalizavam os papéis, veio o café – servido em um copinho de plástico, morno, com gosto de máquina antiga. Dona Clara franziu a testa. “Na minha cabeleireira, o café é quentinho, vem numa xícara charmosa, e o atendimento é um carinho”, pensou. Indignada com o descuido, ela levantou, agradeceu friamente e foi direto para a concorrente. Nunca mais voltou. Pior: contou a experiência para suas amigas, filhos e netos, espalhando a má impressão como fogo em palha seca.

Essa história, que poderia ser apenas um caso isolado, é um caso real e é um alerta para empresários, líderes e gestores, os detalhes decidem a venda, a fidelidade e até a reputação da sua marca. Um copinho de plástico pode custar R$ 150 mil – ou muito mais, se considerarmos o impacto de uma cliente insatisfeita. Vamos mergulhar na importância de analisar a experiência do cliente, do atendimento à pós-venda, e entender por que conhecer o perfil do cliente e suas preferências não é opcional – é obrigatório.

Dona Clara não desistiu da compra por causa do carro – o produto era exatamente o que ela queria. O que a afastou foi a experiência. Segundo a pesquisa da PwC, 73% dos brasileiros consideram a experiência do cliente tão importante quanto o preço ou a qualidade do produto. Um café mal servido, uma cadeira desconfortável, um vendedor que não escuta – tudo isso pode transformar um “quase fechado” em um “nunca mais”.

A experiência do cliente começa antes mesmo de ele entrar na sua loja ou site. É a soma de cada interação: o anúncio que ele viu, a facilidade de encontrar informações, o tom da recepcionista, o ambiente do ponto de venda, a agilidade na entrega e o suporte após a compra. Cada toque molda a percepção do cliente sobre sua marca. E, como Dona Clara mostrou, um único deslize pode ser fatal.

O vendedor da concessionária foi educado, mas não foi além do básico. Ele não perguntou a Dona Clara sobre suas preferências, não percebeu que ela valorizava cuidado e sofisticação – pistas que poderiam estar na forma como ela se vestia, no tom da conversa ou até no fato de ela estar comprando à vista. Um bom atendimento não é só responder perguntas; é criar conexão. É fazer o cliente se sentir visto, ouvido e valorizado.

Treinar suas equipes para ir além do script: escutar ativamente, captar sinais sutis e personalizar a abordagem. Se o vendedor tivesse oferecido um café numa xícara, com um sorriso genuíno, ou perguntado “Como a senhora gosta do café?”, talvez Dona Clara estivesse dirigindo seu carro novo, não contando a história do copinho para as amigas.

Na hora da venda, cada detalhe é um teste. O ambiente estava limpo? A espera foi longa? O processo foi claro? Dona Clara estava pronta para fechar, mas o copinho de plástico foi a gota d’água – um sinal de desleixo que quebrou a confiança. Pequenos gestos, como um ambiente acolhedor, uma explicação clara sobre o contrato ou até um brinde simbólico, podem transformar a decisão de compra.

A história de Dona Clara não termina na concessionária. Ela não só foi embora, como virou uma embaixadora negativa da marca, espalhando a má experiência. O pós-venda é onde muitas empresas falham – e onde se perde a chance de reverter deslizes. Um telefonema após a visita, perguntando “O que achou da nossa loja?”, poderia ter dado à concessionária a chance de ouvir a insatisfação e convidar Dona Clara para voltar, talvez com um mimo, como um café bem servido.



  • Desafio: "30 Dias para Encantar o Cliente"
  • Pronto para transformar a experiência do cliente e evitar o erro do copinho de plástico? Aqui vai um desafio simples para você, empresário, líder ou gestor, em 30 dias:
  • Semana 1 – Observe (7 dias): Acompanhe 5 interações com clientes (na loja, no WhatsApp, no site). Anote: o que eles gostam? O que os frustra? Identifique um detalhe a melhorar (ex.: tempo de espera, tom do atendimento).
  • Semana 2 – Teste um toque (7 dias): Faça uma mudança pequena baseada no que viu – troque copos plásticos por xícaras, treine o time para perguntar “Como você prefere?”, ou envie uma mensagem de agradecimento após a compra. Teste com poucos clientes.
  • Semana 3 – Pergunte (7 dias): Peça feedback direto aos clientes sobre a mudança. Use uma frase simples: “O que achou do nosso atendimento hoje?”. Anote as respostas e ajuste o que for preciso.
  • Semana 4 – Amplie (7 dias): Aplique a mudança a mais clientes ou adicione outro toque (ex.: um brinde, um ambiente mais acolhedor). Veja como impacta as vendas ou a satisfação.
  • Dia 30 – Celebre e planeje (1 dia): Reúna o time e avalie: “O que mudou? Os clientes estão mais felizes?”. Comemore os avanços e defina um próximo detalhe a melhorar.

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Gustavo Damschi

Com 18 anos de experiência em economia, 16 anos como empreendedor, 9 anos como professor e 26 anos enxadrista, sou apaixonado por inovação, criatividade, negócios e inspirar pessoas. Insta: @gustavodamschi

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